quinta-feira, 29 de julho de 2010

Groucho Marx, o mestre

"Anyone who says he can see through women is missing a lot."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Talvez a religião e a moral não sejam mais que isto...a verdadeira ausência de fé

“(…)uma ambição metafísica em manter uma posição desesperada, pode de facto desempenhar um papel e por fim preferir uma mão cheia de “certeza” a um carregamento de belas possibilidades; podem mesmo existir fanáticos puritanos de consciência que prefeririam deitar-se e morrer por um nada certo do que por algo incerto.”

Nietzsche

sábado, 8 de maio de 2010

O meu dicionário

F

Filho - Uma arma que tem vindo a cair de moda nos povos ocidentais, principalmente por estes já não saberem para que alvos apontar essas armas. À falta de alvos, resta agora serem apontadas por um progenitor contra o outro.

...

P

Pecar - Fazer algo que todos queiram fazer.

Sara Tommasi...

...era mesmo só isto...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A beleza não é assim tão relativa...


Existe uma ideia que, para mim, é um mito. É a ideia de que a beleza feminina é relativa, que é um conceito efémero e dependente das modas, tendências e circunstâncias sociais. São as pessoas que acreditam nisto que afirmam que o que é mito é a ideia da beleza universal. Eu também não vou tão longe em afirmar que exista esse conceito. Para mim, as tipos de formas femininas que podem estar dentro do conceito de beleza podem ser milhões. Mas isso não implica que seja relativa a modas e circunstâncias sociais. A beleza é relativa, isso sim, às outras características que a mulher tenha. Se for alta, certas formas são mais adequadas, se for baixa, outras serão. Não existe nenhuma mulher que tenha o modelo perfeito mas isso não significa que o conceito de beleza seja relativo. Seria relativo se fosse impossível prever o gosto de um homem a não ser por determinação das tais circunstâncias sociais. Mas a verdade é que Camões, que era muito dado às portuguesas, não se fez rogado perante as africanas nem perante as japonesas. E talvez seja importante lembrar que os portugueses, como Pero Vaz de Caminha, viram as indígenas brasileiras, disseram simplesmente que eram mais belas que as do seu próprio país e civilização que conheciam. Estranho terem nascido em determinadas circunstâncias sociais e depois terem uma opinião que não corresponde à que foram habituados a ter... a beleza está tão determinada por factores temporais e geográficas (como se diz na wikipédia com toda a calma e serenidade) que quando os povos ocidentais foram diminuindo o seu inicial racismo e repugnância pelos povos "selvagens", as mulheres ocidentais começaram a tentar adaptar-se a algumas características das mulheres "selvagens": pele mais morena, corpo mais tonificado, etc. E quando o catolicismo sexual começou a perder a sua força, essas mesmas mulheres ocidentais começaram a render-se aos padrões referentes a tudo o que diz respeito ao sexo, ou seja, os traços que sugerem fertilidade, saúde e parecer ter 15 anos do pescoço para baixo. Tudo isto foi o redescobrir de um conceito de beleza nada relativo, apenas mais cruel e sugestivo de que "não há esperança para todas".

Fala-se muito no exemplo (e quase apenas só nesse exemplo) das fases da humanidade em que as mulheres gordas eram consideradas as mais belas. Apesar dos casamentos serem arranjados, a opinião das pessoas pouco contar e tudo ser feito com base nas perspectivas de sobrevivência, pensa-se poder ter uma opinião sobre o que as pessoas gostavam realmente nessa altura. Fala-se muito nas mulheres do renascimento em geral. Mas a verdade é que quem acha que as mulheres nas pinturas renascentistas são gordas é porque já está influenciado por uma referência anoréctica. Quanto às mulheres de Rubens, basta ver as pinturas de todos os outros seus contemporâneos para perceber que ele representa a excepção e não a regra. Aliás, nem nas sua obras as mulheres são constantes nesse aspecto da gordura. E as gordas nunca chegam a ser exageradamente gordas.

Eu, no meu caso, posso dizer que odeio mulheres muito magras, ou digamos, com poucas curvas. Não tenho nada contra elas e até as posso achar giras, mas o facto de serem magras e muito "direitas" na silhueta não me entusiasma (excita) muito. Se a escolha fosse entre uma anoréctica influenciada pelos padrões determinados pelos cabides ambulantes das passereles e uma rechonchuda, não precisaria de pensar muito. Lá porque hajam modas, não significa que elas determinam o que os homens gostam. Não, o que elas fazem é "substituir" o que os homens gostam. Se os homens divergem quando toca a dizer "qual é a mais gira" já não divergem tanto quando toca apenas a dizer se uma é simplesmente "gira". A quantidade de raparigas que eu achava mais giras se não fizessem nada ao cabelo, à cara ou ao corpo é incontável. Essas raparigas existem. As modas e os supostos "padrões culturais" mais não servem do que para "dissolver" a clareza com que a natureza informa. Como se poderia gerir a manutenção de poder se se deixasse as opiniões do povo ao acaso da natureza? Se, na idade média, no seio de uma família de camponeses nascesse uma "sofia loren" isso poria em causa o respeito pela beleza da rainha e pelos trapos e enfeites majestosos que ditavam a sua superioridade. Mas desde que os "credores reais" pudessem contar com umas cambalhotas na parte de trás do celeiro com a camponesa, tudo corria bem.

O exemplo das brasileiras é, para mim, elucidativo, pois corresponde a uma etnia que vive numa zona abundante em recursos que chegam perfeitamente para a vida rudimentar que levam. Por um lado não são influenciados por "critérios de desespero" como sejam o de "quando mais gorda melhor" e por outro, não estão ainda suficientemente sujeitos a influências políticas e hierárquicas (ou como nós, hoje em dia, pelo mercado) na opinião das pessoas.

O que eu acho é que na nossa sociedade existe uma tal confusão de instintos e opiniões que há pessoas que acreditam mesmo que a mulher da passerele pode ser um ideal de beleza ou que a mulher que parece feita de plástico e tem umas mamas maiores que a própria cabeça espetadas como se não houvesse gravidade também pode. Eu nunca achei nem um nem outro conceito particularmente atraente, embora eles tenham estado, nos últimos anos, "na moda" e no mercado.

Uma grande parte dos homens não tem auto-confiança (e no passado não tinha estatuto) para ter opinião própria, ainda por cima num assunto tão sensível à sua masculinidade. E os "democratas" da beleza e tolerantes para com todas as opiniões, ao repararem como muitos homens cedem a uma determinada corrente no seu gosto por se sentirem mais seguros de estarem integrados no "gosto médio dos homens", decretam sem mais, que a beleza real não existia à partida.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Simplicidade e eficácia

"A felicidade não é o prémio da virtude, mas a própria virtude; e não gozamos dela por refrearmos as paixões, mas pelo contrário, somos capazes de refrear as paixões por gozarmos dela."

Ética, Parte V, Da Potência da Inteligência ou da Liberdade Humana, Bento de Espinoza

Este pequeno passo ultrapassa de uma só vez todo o tipo de princípios dados por qualquer religião ou tabela moral que aconselhe a privação, a eliminação do desejo e o bloqueio dos instintos.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Não...

...não foi o que Gordon Brown disse que o lixou. Foi mesmo o facto de terem feito disso notícia...

Acho hilariante como os jornalistas dizem coisas como: "viram o que ele disse. O que ele disse vai rever-se nas sondagens".

Não, fdx, o que os jornalistas seleccionam e contam é que vai eventualmente tramá-lo nas sondagens.

wtf

terça-feira, 27 de abril de 2010

Montesquieu

"A liberdade é um bem tão apreciado que cada qual quer ser dono até da alheia."

sábado, 24 de abril de 2010

Miguel de Unamuno

"Sonhar não é esperar"

"O horror ao trabalho dá trabalhos sem conta"

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dicionário

M

Memória - A capacidade do ser humano que se desenvolve proporcionalmente à sua necessidade de mentir. O défice nesta capacidade, se não corrigido a tempo, pode levar a anomalias sociais como, por exemplo, honestidade. Pode mesmo, em casos extremos, chegar ao ponto de provocar no paciente um estado em que ele, ao invés de acumular histórias na cabeça, se limita a vivê-las.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O amor para não-pirosos (ou não...)

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p’ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr’a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!


Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa

sábado, 17 de abril de 2010

Falando como ateu...

...pregar o ateísmo usando o argumento de que Deus não pode existir por causa de certos males terríveis que ele não evita é tão estúpido e limitado (basta pensar que é precisamente desses males que nasce a necessidade do conceito consolador do Deus bom) é a mesma coisa que dizer que Deus não existe porque não é benevolente aos nossos olhos ou que uma determinada coisa não existe porque não é como a gente quer ou como os que acreditam dizem que é. Equivale a este raciocínio:

-Eu vi um veado azul.
-Não há veados azuis, portanto não viste nenhum veado.

E isto para não dizer que não se é ateu por ser "fixe". É-se porque não se consegue evitar. Faz parte de uma maneira de ser e pensar. Nada tem a ver com conhecimento, inteligência ou extra-racionalidade. Por muito que se escandalizem certos ateus com os males da religião, o facto é que a inexistência de qualquer Deus ou não existência de tal ideia NÃO TRAZ QUALQUER VANTAGEM PARA A CIVILIZAÇÃO, só traz para o indivíduo e mesmo assim, só eventualmente. Pregar o ateísmo não traz vantagem para ninguém. Dá apenas uma breve sensação de um instante de liberdade, nada mais.

Se pensassem com menos nervosismo já tinham percebido que foi devido a uma confusão à volta do conceito de Logos que certas pessoas aproveitaram para dizer que a bíblia era a palavra de Deus mas que foi o próprio responsável por esse destaque do conceito de Logos, ou seja, Heraclito, quem disse que o "Logos universal" não era inteligível pelo ser humano e como tal, se Fílon de Alexandria, na sua tentativa de conciliação do judaísmo e do platonismo, usa a palavra Logos devia estar também aí implícito que esse Logos não pode ser aquele em que consiste o discurso da Bíblia (embora possa ser mencionado nela por São João evangelista) pois esta está escrita em linguagem humana.

Na frase de São João "no princípio era o verbo" a palavra verbo é a tradução do grego Logos. Ora ele diz que o mundo é criado de acordo com esse Logos. Ele chega mesmo a dizer "e o verbo estava com deus. e o verbo era Deus". Isto já Heraclito tinha dito ("tudo se passa de acordo com o Logos") mais de meio milénio antes. Só não tinha posto essa disposição temporal de "princípio" no conceito. Portanto, tal como Fílon colocou o conceito, assim São João o utilizou. Nada tem a ver com o discurso da Bíblia. A bíblia ser a palavra de Deus é uma questão que nem devia existir. Quando Paulo diz que as escrituras são escritas por inspiração divina isso acaba por ser redundante pois tudo o que dizemos pode ser resultado de inspiração divina, ou seja, trocado por miúdos, por uma percepção do Logos, mas tal como o que está escrito na bíblia, sai em linguagem humana. Mas como "tudo se passa de acordo com o Logos" nós podemos ir verificando se o que sai em linguagem humana é compatível com o que observamos na realidade que é regida pelo Logos, independentemente de não podermos conhecê-lo directamente.

Em suma, não vale a pena discutir um conceito que se define por ser indiscutível, tentar falar da inteligibilidade de uma coisa que tem como base não ser inteligível ou tentar comunicar dentro dos limites da linguagem algo que se declara como sendo ilimitado e exterior à linguagem.

Às vezes penso se não seria melhor eu ser agnóstico só para não ser associado a gente tão atrasada mental como certos ateus que conheço...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A "emancipação" sexual

Antes falava-se menos do sexo que se fazia. Hoje faz-se menos sexo do que aquele de que se fala.

domingo, 11 de abril de 2010

Definição do único tipo de ética que aceito:

Qualquer conjunto de regras, código ou valores que não necessita da participação das outras pessoas para que se possa cumprir.

Se eu tiver o princípio de não mentir não vou ficar à espera que as outras pessoas façam o mesmo para eu obedecer a esse princípio. Seria aí que começaria a "moral", ou seja, a necessidade de que os outros se comportassem de uma determinada maneira para eu me comportar da minha.

Se eu acredito que existe uma coisa chamada "bom senso" então não é ao "bom senso" dos outros que eu devo apelar mas ao meu. Por exemplo, se eu ler um livro de um neonazi, o mais normal seria eu descarregar o meu incómodo pela leitura na condenação do escritor pela sua, pensaria eu, falta de bom senso. Mas o facto é que ele ter ou não bom senso é um problema dele. É com aquilo que eu vou fazer com o que leio que devo estar preocupado. Nesse sentido é a mim que devo responsabilizar pelo que fizer com a ideias do autor, não ao autor. Tal procura de bode expiatório é que muita gente faz com escritores como Marx, Nietzsche e Maquiavel que, pela sua popularidade, são citados a tordo e a direito em contextos políticos.

Isto pode parecer simples demais para precisar de ser dito mas eu acho que esta é, na prática, a principal distinção entre ética e moral.

Para além do mais, a ética beneficia da experiência. Tal como o guerreiro que se torna mais forte quanto mais anda à porrada, também os códigos se tornam mais úteis quanto mais forem confrontados com a vida. Ao contrário da moral que busca uma cristalização dos códigos, a ética admite evolução e fortalecimento.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

...





"webhead57 My faviorite part is when he goes, "HRAAAGGHHH!!!!""

terça-feira, 6 de abril de 2010

Hoje em dia rimo-nos

"Pela decisão dos anjos e julgamento dos santos, excomungamos, expulsamos, execramos e maldizemos Baruch de Espinosa... Maldito seja de dia e maldito seja de noite; maldito seja quando se deita e maldito seja quando se levanta; maldito seja quando sai, maldito seja quando regressa... Ordenamos que ninguém mantenha com ele comunicação oral ou escrita, que ninguém lhe preste favor algum, que ninguém permaneça com ele sob o mesmo tecto ou a menos de quatro jardas, que ninguém leia algo escrito ou transcrito por ele."

Parte do documento de excomunhão de Baruch de Espinosa (1632 - 1677) da comunidade judaica de Amsterdão, emitido em 27 de julho de 1656

Foram-lhe oferecidos cargos dos mais variados, desde professor nas universidades mais importantes e até mesmo ministro, ele recusou para evitar que o trabalho dele fosse influenciado por outros. Luís XIV ainda lhe ofereceu uma pensão na condição dele lhe dedicar uma obra. Espinoza recusou também.
O professor de Espinoza, Franciscus van den Enden foi enforcado em 1674, acusado de conspirar contra Luís XIV. Três anos depois, Espinoza morre pobre e tuberculoso.

Pior ainda, foi para o filósofo português Uriel da Costa (1585 – 1640), outro judeu que, por ter posto em causa as interpretações do velho testamento feitas pelos rabis e ter posto em causa a imortalidade da alma, foi também excomungado, condenado a levar 39 chicotadas na sinagoga portuguesa e banido da sociedade, vivendo os últimos sete anos da sua vida abandonado pelos amigos e família até se suicidar com um tiro na cabeça.

Esta tive mesmo de ir ver

Metallica, Nietzsche and Marx: The immorality of Morality

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mais um reducionismo

Há dois tipos de pessoas:

Aqueles que depois de estarem algum tempo sozinhos com os seus pensamentos, começam a ver fantasmas e inimigos no ar e quando se reencontram com as outras pessoas, gostam menos delas porque ficaram mais desconfiados. São as mentes fracas. Vivem no declínio. A solidão magoa-as. Precisam de crenças para negar o mundo de que têm medo.

Depois há aqueles que depois de estarem sós, já lidam um pouco melhor com o mundo do que até então o tinham feito e quando se reencontram com as outras pessoas, gostam mais delas porque as entendem melhor. Estas são as mentes fortes. Vivem em ascensão. Não precisam de crenças. Só precisam da sua solidão para desejarem o mundo.

Os dois caminhos possíveis do ocidente

O declínio:

Filosofia - Questionar as ideias sobre a vida.

Lógica - Descobrir a utilidade de organizar ideias segundo uma determinada ordem

Metafísica e religião - Usar-se da lógica para questionar o valor da vida e inventar coisas transcendentes a ela. Procurar a conciliação entre verdade e felicidade.

Amor cristão- Não aguentar o relativismo e oscilação da vida e inventar uma alma pura e impenetrável que iguala todos os seres humanos.

Ascese pós-modernista - Descobrir que essa alma e identidade não existe. Cair na armadilha do cristianismo que fazia a vida depender disso, sentindo-se obrigado a negar a realidade em bloco, constituindo uma ideia que contraria o seu próprio relativismo.


A ascensão:

Filosofia - Questionar as ideias sobre a vida.

Lógica - Descobrir a utilidade de organizar ideias segundo uma determinada ordem.

Física - Usar a lógica para criar ideias de modo a servir a vida. Não ver no conceito de verdade a felicidade mas sim, apenas uma necessidade.

Amor fati - Amar o relativismo e oscilação da vida. Fazer arte e poesia sobre os impossíveis, em vez de sistemas filosóficos intoxicados pela culpa e vontade de redenção de uma alma separada de tudo o que se vê e sente.

Espinoza - Viver em máxima potência. Não viver arrependido de ter nascido nem ter vergonha de ser feliz.

sábado, 3 de abril de 2010

Soneto Inglês

Confesso que tenho muitas vezes
Medo de me deixar embriagar
Deixar de ver em mim um transbordar
Com que preencho o vazio dos meses

P´ra sempre aquele sonho desperto...
Onde sinto que acreditar escolho
Ter eu mais que o turvo olho
Para agarrar sem medo o incerto

Se sou só molécula de sentir
Perdida onde nada se procura
Se nas trevas não vejo tortura
Qual é a coragem de existir?


............................
.......................


Mas para o soneto ser inglês
Falta o dístico, que estupidez

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cruz e Sousa




"A Caveira


Olhos que foram olhos, dois buracos
Agora, fundos, no ondular da poeira...
Nem negros, nem azuis e nem opacos.
Caveira!

Nariz de linhas, correcções audazes
De expressão aquilina e feiticeira,
Onde os olfactos virginais, falazes?!
Caveira! Caveira!!

Boca de dentes límpidos e finos,
De curva leve, original, ligeira,
Que é feito dos teus risos cristalinos?!
Caveira! Caveira!! Caveira!!!"

Proponho o seguinte

A criação de uma comissão para discutir e avaliar as várias formas de gastar os 3,3 milhões que António Mexia ganhou.
É que o gajo nem deve saber por onde começar. Eu, sinceramente, ficava desorientado. Tudo só para um gajo...

Primeiro passo - recolher várias propostas. E não basta coisas como putas ou banquetes para os amigos. Têm que dar os pormenores, os restaurantes, os locais, etc.

Bom trabalho.

Claro que eu estou a contar que ele não cometa a aleivosia de deixar uma parte pós filhos (escolas recomendadas e outros vícios que os ricos têm) ou pá mulher gastar em sapatos. Não sei, não o conheço mas cá estou para o ajudar.

terça-feira, 30 de março de 2010

Heinrich Heine (1797-1856)

-Atheism is the last word of theism.
-Christ rode on an ass, but now asses ride on Christ.
-Communism possesses a language which every people can understand - its elements are hunger, envy, and death.
-Every man, either to his terror or consolation, has some sense of religion.
-God will forgive me. It's his job.
-I do not know if she was virtuous, but she was ugly, and with a woman that is half the battle.
-I fell asleep reading a dull book and dreamed I kept on reading, so I awoke from sheer boredom.
-I have never seen an ass who talked like a human being, but I have met many human beings who talked like asses.
-I will not say that women have no character; rather, they have a new one every day.
-If the Romans had been obliged to learn Latin, they would never have found time to conquer the world.
-It is a common phenomenon that just the prettiest girls find it so difficult to get a man.
-It is extremely difficult for a Jew to be converted, for how can he bring himself to believe in the divinity of - another Jew?
-Matrimony; the high sea for which no compass has yet been invented.
-Music played at weddings always reminds me of the music played for soldiers before they go into battle.
-Oh, what lies there are in kisses.
-The Bible is the great family chronicle of the Jews.
-There are more fools in the world than there are people.
-Whatever tears one may shed, in the end one always blows one's nose.
-When the heroes go off the stage, the clowns come on.
-Whether a revolution succeeds or fails people of great hearts will always be sacrificed to it.
-You cannot feed the hungry on statistics.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Duas coisas a declarar

Deixei oficialmente de me classificar como sendo mais à esquerda ou à direita.

Inventei um novo tipo de discurso destinado a uma realidade que atravessa os tempos desde a invenção do fogo: a conversa de café. A esse tipo de discurso chamo de reducionista. Sou positivamente reducionista. Toda a conclusão geral e abstracta feita num café é completamente inútil se não for para ser utilizada como mero exercício mental ou até poético. Estou-me cagando para que se ela me aproxima da "visão" da realidade porque honestamente não sei o que isso é. Mas o objectivo de se tirar conclusões reducionistas não é fechar uma página e carimbá-la de verdade mas justamente o contrário. É apresentar uma ideia que depende das coordenadas de tempo, espaço e oportunidade para revelar o seu interesse. Aumentar o detalhe só interessaria se tal tivesse sido determinado por um qualquer grau de precisão e erro, coisa que se faz num laboratório de investigação e não num café.
Isto é um vai pó caralho para mim mesmo e para quem gosta de censurar a falta de precisão com que um fala-barato manda postas de pescada fora do âmbito do seu estudo. Basta ver que existem certos cosmólogos que querem mesmo descobrir "como isto tudo começou" para saber que o zé povinho tem hoje em dia coisas tão ou mais interessantes para dizer que um cientista (o que não quer dizer que as diga).

quarta-feira, 24 de março de 2010

Diderot no seu melhor

"Um povo que acredita que é a crença num Deus e não as boas leis que fazem criaturas honestas, não me parece adiantado. Trato da existência de Deus, relativamente a um povo, como o casamento. Um é um estado, o outro uma noção excelente para três ou quatro cabeças bem pensantes, mas funesta para a generalidade. O voto do casamento indissolúvel faz e deve fazer quase tantos infelizes quantos esposos. A crença em Deus faz e deve fazer quase tantos fanáticos quanto crentes."

domingo, 21 de março de 2010

E mais não digo

Bene vixit qui bene latuit ["Bem viveu quem bem se escondeu" - Horácio]

terça-feira, 16 de março de 2010

George Ionesco

"Ideologies separate us. Dreams and anguish bring us together."

"It is not the answer that enlightens, but the question."

"The absence of ideology in a work does not mean an absence of ideas; on the contrary it fertilizes them."

"God is dead. Marx is dead. And I don’t feel so well myself."

quinta-feira, 11 de março de 2010

Smooth Operators

Nietzsche:

"Eu li a Bíblia de capa a capa. Chamar aquele livro de ‘a palavra de Deus’ é um insulto a Deus. Chamar aquele livro de um guia moral é uma afronta à decência e dignidade dos povos. Chamá-lo de guia para a vida é fazer uma piada de nossa existência. E pretender que ela seja a verdade absoluta é ridicularizar e subestimar o intelecto humano"

“Má compreensão do sonho. – Nas épocas de cultura tosca e primordial o homem acreditava no sonho conhecer um segundo mundo real; eis a origem de toda metafísica. Sem o sonho, não teríamos achado motivo para uma divisão do mundo. Também a decomposição em corpo e alma se relaciona à antiqüíssima concepção do sonho, e igualmente a suposição de um simulacro corporal da alma, portanto a origem de toda crença nos espírito e também, provavelmente, da crença nos deuses: ‘Os mortos continuam vivendo, porque aparecem em sonho aos vivos’: assim se raciocinava outrora, durante muitos milênios"

"Somente uma coisa é necessária’... Que todo homem, por possuir uma ‘alma imortal’, tenha tanto valor quanto qualquer outro homem; que na totalidade dos seres a ‘salvação’ de todo indivíduo um possa reivindicar uma importância eterna; que beatos insignificantes e desequilibrados possam imaginar que as leis da natureza são constantemente transgredidas em seu favor – não há como expressar desprezo suficiente por tamanha intensificação de toda espécie de egoísmos ad infinitum, até a insolência. E, contudo, o cristianismo deve o seu triunfo precisamente a essa deplorável bajulação de vaidade pessoal – foi assim que seduziu ao seu lado todos os malogrados, os insatisfeitos, os vencidos, todo o refugo e vômito da humanidade. A ‘salvação da alma’ – em outras palavras: ‘o mundo gira ao meu redor’..."


"Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca da comodidade temporal. Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo"

Sebastian Fauré:

"Foste vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as minhas negações. Cessai de afirmar que eu cessarei de negar".
(esta é a minha preferida pois é a melhor maneira de explicar porque sou ateu)

Freud:

"A humanização da natureza deriva da necessidade de pôr fim à perplexidade e ao desamparo do homem frente a suas forças temíveis, de entrar em relação com elas e, finalmente, de influenciá-las. (...) O homem primitivo não tem escolha, não dispõe de outra maneira de pensar. É-lhe natural, algo inato, por assim dizer, projectar exteriormente sua existência para o mundo e encarar todo acontecimento que observa como manifestação de seres que, no fundo, são semelhantes a ele próprio"

"... [a religião é] um sistema de doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável e que, por outro lado, lhe garantem que uma Providência cuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui. O homem comum só pode imaginar essa Providência sob a figura de um pai ilimitadamente engrandecido. Apenas um ser desse tipo pode compreender as necessidades dos filhos dos homens, enternecer-se com suas preces e aplacar-se com os sinais de seu remorso. Tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa em relação à humanidade, é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de superar essa visão da vida. Mais humilhante ainda é descobrir como é vasto o número de pessoas de hoje que não podem deixar de perceber que essa religião é insustentável e, não obstante isso, tentam defendê-la, item por item, numa série de lamentáveis actos retrógrados"

"Os que não padecem desta neurose (religiosidade) talvez não precisem de intoxicante para amortecê-la. Encontrar-se-ão, é verdade, numa situação difícil. Terão de admitir para si mesmos toda a extensão de seu desamparo e insignificância na maquinaria do universo; não podem mais ser o centro da criação, o objeto de eterno cuidado de uma Providência beneficente. Estarão na mesma posição de uma criança que abandonou a casa paterna, onde se achava tão bem instalada e tão confortável. Mas não há dúvidas que o infantilismo está destinado a ser superado. Os homens não podem permanecer crianças para sempre; têm de, por fim, sair para a vida ‘hostil’"
(uma forma mais suave de perceber a exaltação da "Guerra" do Zaratrustra de Nietzsche)

E agora, Voltaire, um deísta:

"[Christianity] is assuredly the most ridiculous, the most absurd and the most bloody religion which has ever infected this world. Your Majesty will do the human race an eternal service by extirpating this infamous superstition, I do not say among the rabble, who are not worthy of being enlightened and who are apt for every yoke; I say among honest people, among men who think, among those who wish to think. … My one regret in dying is that I cannot aid you in this noble enterprise, the finest and most respectable which the human mind can point out."

* Voltaire, Letters of Voltaire and Frederick the Great (New York: Brentano's, 1927), transl. Richard Aldington, letter 156 from Voltaire to Frederick, 5 January 1767.

domingo, 7 de março de 2010

A única afirmação musical do século XX



E assim, os 100 anos seguintes não foram mais que um monte de merda redundante. Se excluo Debussy e Mahler é por considerar que as "afirmações" deles foram feitas ainda no séc. XIX. Ha, e tou-me a cagar pó Shoenberg.

ps: sim, a figura do maestro é ridícula.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu sei, eu sei. Nem digas mais.

"Postmodernists parade their relativism as a superior kind of humility — the modest acceptance that we cannot claim to have the truth. In fact, the postmodern denial of truth is the worst kind of arrogance. In denying that the natural world exists independently of our beliefs about it, postmodernists are implicitly rejecting any limit on human ambitions. By making human beliefs the final arbiter of reality, they are in effect claiming that nothing exists unless it appears in human consciousness."

John Gray

Talvez tenha faltado ao Marx perceber isto

"Everything will pass, and the world will perish but the Ninth Symphony will remain."

Mikhail Bakunin

quarta-feira, 3 de março de 2010

Epa Aleluia 2.0!!!


"(...)
Tendo estudado a sabedoria em livros traduzidos do grego, do chinês ou do sânscrito, tenho uma certa desvantagem em relação aos ignorantes que só aprenderam em jornais desportivos ou revistas de moda. Quando enfrento um assunto difícil cuja elucidação requer anos de reflexão, sinto-me intimidado com a consciência da minha insuficiência, que me trava os impulsos no momento em que eles, impelidos pelo propulsor da sua ignorãncia, estão seguros de ter encontrado, ainda antes de ter procurado. Como posso fazê-los compreender que tenho razão em não proclamar que a tenho, antes de dedicar tempo a demonstrar-lhes que estão errados? Não, eles não desistem. De resto, as minhas hesitações atraiçoam-me. A verdade é uma flecha que vai direita ao alvo. Os escrúpulos intelectuais são tremuras do espírito. Se visar mal, como posso atingir o alvo?
Apercebemo-nos de que a ignorância não exclui a firmeza de opinião. Existe até uma cumplicidade objectiva entre elas. Quanto menos sabem, mais ostentam, diz o profeta. A indigência intelectual tira partido do seu pretenso parentesco com a Verdade. Contudo, é preciso ser ingénuo para pensar que o saber liberta o espírito dessa lei de gravitação que faz com que todo o pensamento orbite em torno da Verdade. Quanto mais sabem, mais ostentam, diz também o profeta, desta vez nos dias ímpares. Ter razão é a pretensão mais universal e, provavelmente, a mais antiga.
(...)"


Georges Picard, in "Pequeno Tratado para Uso Daqueles que Querem Ter Sempre Razão"

terça-feira, 2 de março de 2010

Hoje...

...cheguei à estação do metro e estava um gajo que não conseguia esticar um dos braços e não conseguia dobrar o outro e enquanto tentava combater esta limitação, cambaleava, acabando por vir embater contra mim e quase me mandando para a linha. Ele não pediu desculpa ou se calhar tentou, não percebi. Fiquei impressionado que ele estivesse sozinho dentro do metro, aparentemente conseguia fazer tudo sozinho sem ajuda ou então alguém o meteu lá dentro e ele ainda não conseguiu sair. Bom, logo a seguir, quando me sentei, estava um gajo em frente a um anúncio de um filme. Não sei se era metrossexual, transsexual, gay ou straight ou uma mistura de todas estas hipóteses ou outra alternativa que me tenha esquecido de enunciar. Que fazia ele? Pelo que consegui perceber degladiava-se com o seu próprio cabelo e com a sua própria imagem mal reflectida no plástico protector dos cartazes rotativos. O metro estava demorado. Contei, no mínimo, 10 minutos que o gajo ficou ali a ajeitar o cabelo de uma forma obsessiva e acelerando os gestos à medida que os minutos passavam. Durante todo o processo, ia-se contorcendo energicamente, conforme o anúncio por detrás do plástico protector mudava e alterava a forma como se iluminava o seu reflexo. Não, não havia uma pessoa que não estivesse a olhar para ele. A partir do oitavo minuto a mistura de trejeitos efeminados e tentativas de alisar o cabelo e acertar a sua risca e as ondulações atingiu uma tal velocidade que parecia que ele ia pegar fogo como um fósforo gigante. Entretanto, de uma das pontas da estação ouvia-se um velho a gritar em alto som: «mas tu não eras do porto?!» e da zona de onde vinha o som apareceu quem? Eu não estou a gozar: o emplastro! E devo dizer que ele está gordo.
Sinceramente não sei o que é que se passava ali mas a verdade é que quando o metro chegou e me sentei lá dentro estava um vagabundo à minha frente, sentado, com a roupa toda carcomida, uma barba que lhe dava pelo umbigo, a cheirar mal como tudo e com uma mochila cor-de-rosa onde parecia não haver espaço para levar absolutamente nada. Que fazia ele? Estava a ler o jornal. E não era o jornal do metro, era o Expresso. Olhei com mais atenção: estava na secção de economia...

WTF!!!!!!

segunda-feira, 1 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Conheço pessoal que vai gostar bastante desta passagem

"To that end [of creating ourselves] we must become the best learners and discoverers of everything that is lawful and necessary in the world: we must become physicists in order to be creators in this sense [wir müssen Physiker sein, um, in jenem Sinne, Schöpfer sein zu können] — while hitherto all valuations and ideals have been based on ignorance of physics … . Therefore: long live physics!"

Gaia Ciência, Nietzsche

http://plato.stanford.edu/entries/nietzsche-moral-political/

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Assim não vale

As escutas estão na moda. Até já ouvi sugestões pa se pôr escutas nos jornalistas pa descobrir se as fontes são fugas da procuradoria...alexandra lencastre, rita pereira, isso é tão 2009...agora é a vez dos empresários, jornalistas, políticos, advogados, procuradores, juízes... mas... isto pôs-me a pensar...

Então e eu??

Também quero ser escutado.

Venham daí as escutas. Estou mesmo a precisar de ver trascrições de telefonemas meus pa putas ao domicílio, por exemplo. Prometo à PJ que me vou esmerar por dizer algo de interessante e polémico, tipo: "o bico que me fizeste no outro dia fez-me lembrar que se calhar existe alguma razão pó moniz ainda andar com a botox guedes". Pode ser que me veja envolvido num caso de difamação ou envolvimento numa merda qualquer que o Sol invente e daqui a não menos que trinta anos sou condenado a pagar uma indemnização a não faço ideia quem. Mas não há problema porque nessa altura já estarei rico por me ter vendido aos media e ter contado regularmente à Caras como esse processo "tem sido complicado de lidar" e como "a família tem sido importante para ultrapassar esta fase" enquanto ao mesmo tempo ainda ganho umas indemnizações da justiça por danos morais causados durante o processo e ainda escrevo um livro sobre isso...e lanço um cd...e vou pa actor...ou seria modelo?...ou se não desse candidatava-me a um cargo público qualquer...sei lá...depois logo se via... não sei como é que essas merdas funcionam...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

As duas melhores que encontrei nos últimos tempos

Before enlightenment - chop wood, carry water. After enlightenment - chop wood, carry water.

Zen Buddhist Proverb

The fish trap exists because of the fish. Once you've gotten the fish you can forget the trap. The rabbit snare exists because of the rabbit. Once you've gotten the rabbit, you can forget the snare. Words exist because of meaning. Once you've gotten the meaning, you can forget the words. Where can I find a man who has forgotten words so I can talk with him?

Chuang Tzu

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Pobres dos que amam, se não estão acima da sua piedade!

"Ai, meus irmãos! Sabemos talvez um pouco demasiado sobre todos nós! E muitos há que se nos tornam transparentes, mas ainda assim não o suficiente para que os consigamos penetrar.
É difícil viver entre os homens: é tão difícil o silêncio.
E não é para com aquele que nos é mais ofensivo que somos mais injustos, mas para com o que nos é indiferente.
Se, contudo, ocorrer teres um amigo que sofra, sê um abrigo para o seu sofrimento, mas um leito duro, como uma cama de campanha; mais útil lhe serás desse modo.
E se um amigo te fizer mal, diz-lhe: "Perdoo-te o que me fizeste; mas houvesse-lo tu feito a ti mesmo, e como poderia eu perdoar-to?"
Assim fala todo o grande amor: ele sobrepuja o perdão, e até mesmo a piedade.
É preciso conter o coração: porque, se o deixamos à solta, bem depressa podemos perder a cabeça!
Ai! Onde encontramos nós na terra loucuras maiores que entre os compassivos? E que foi no mundo maior causa de sofrimento que as loucuras dos tais?
Pobres dos que amam, se não estão acima da sua piedade!
Assim me disse o diabo, um dia: "Até Deus tem o seu inferno: é o seu amor pelo homem".

Friedrich Nietzsche
“Assim Falou Zaratustra”, II, “Os compassivos”

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A vantagem de existirem metrossexuais...

...é que posso ser preconceituoso e desprezar pessoas sem sentir a necessidade de me justificar. E isso não tem preço.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O velho que chegou a conhecer Verdi



Não fosse a voz de paneleiro que aparece a meio, o vídeo até era fixe.
É cómico que o velho não deixa de aproveitar para mandar postas de pescadas aos músicos enquanto dirige, uma vez que não tem microfone ao pé dele.lol.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A revolta silenciosa da pequena-burguesia

Já não há ricos nem pobres. Se tirassem dinheiro a um rico, ele podia aprender a ser pobre. Se dessem dinheiro a um pobre, ele talvez aprendesse a ser rico. Mas quer dêem ou tirem dinheiro a um pequeno-burguês, ele não aprenderá a ser nada. Falo daqueles inocentes que "só querem a sua estabilidade".

Eu gostava de ser rico para pagar a pessoas para se preocuparem com as minhas coisas. Mas não sendo rico preferia, sinceramente, não ter coisas para preocupar. Agora esta felicidade entalada de andar a preocupar-me quotidianamente em manter as "pequenas" e "médias" coisas, um ipodezito, uma televisão actualizada na tecnologia mais uma puta dum pc que esteja actualizado e compatível com a puta do software da puta do trabalho ou da puta da universidade pa poder ganhar o privilégio de ganhar "pequenas" e "médias" quantias de dinheiro para poder ter pequenas e médias coisas e passar a puta da vida a pensar como mantê-las ou renová-las e encenar para mim mesmo que não ando a perder tempo.

Só se poupa dinheiro para as férias, como se fizesse diferença apanhar sol em lisboa ou no algarve. E como se fosse preciso muito dinheiro pa pegar num calhambeque e ir dar uma volta a um sítio em portugal onde não haja seres humanos em demasia, espairecer e voltar para casa, que no caso de quem viva sozinho mais não precisa de ser que um T0 porque a casa não serve para viver, serve pa lá dormir, digo eu (va lá, comer e tomar banho, se bem que as cantinas e os balneários públicos saem mais baratos).

Mas já não há ricos nem pobres. Os pobres que havia querem ter as mesmas imagens de marca, a mesma mediocridade registada e os sinais exteriores de "riquezazinha" em vez de pouparem o pouco que têm. Salvo raras excepções (que aplaudo), os pobres que não tentam subir o pequeno e médio degrauzinho é porque nem pobres são, são miseráveis. Os ricos, os que têm dinheiro para ter coisas sem se preocupar, ou têm suficiente para esbanjar durante a vida (e cagar pós filhos, naturalmente) ou então se não têm suficiente "investem" no imobiliário ou em merdas que não irão dar em nada e que irão ser enrabadas pelos que se tornaram mais ricos e que passaram a deixar de ser ricos para passarem a ser os milionários que chupam isto tudo à custa de impingirem as tais pequenas e médias coisas à massa pequena-burguesia onde já se encontram os antigos pobres, ricos e eu que sou estúpido comá merda. Mas viva a social-democracia que todos nós temos de ir comprando umas coisinhas, senão a economia não anda pá frente, se não formos todos, com alguma equidade, comprando as merdas que os empresários assumiram que nós queremos o país afunda-se, fdx, quem nos tira deste filme?...

Se tivesse muito dinheiro andava a esbanjá-lo ou a aplicá-lo algures. Andava num mercedes mas se não sou rico não vou andar a fazer um leasing, fdx, que puta de estupidez de vida. Que se fodam todos.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Soneto quadrado

Venho aqui por este meio
Abrir palco ás hostilidades
Venho falar de mulheres
Pr'acabar com meias-verdades

O que eu sempre quis foi domínio
E não desejos encravados
Mulheres várias e não uma
Com seus abismos encantados

Porque ao homem cabe amar
E não cabe ser amado
Mas se o for que não o seja
Porque o tenha procurado

Não trago a esperança de ser
Por muitos bem recebido
Mas como homens há poucos
Tal não faz senão sentido

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

I would rather be ashes than dust !

I would rather be ashes than dust!
I would rather that my spark should burn out
in a brilliant blaze than it should be stifled by dry-rot.
I would rather be a superb meteor, every atom
of me in magnificent glow, than a sleepy and permanent planet.
The function of man is to live, not to exist.
I shall not waste my days trying to prolong them.
I shall use my time.

Jack London

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ninguém bate os jornalistas

-"Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para satisfação dos habitantes."

-"Esta nova terapia traz esperanças a todos aqueles que morrem de cancro a cada ano."

-"Os sete artistas em campo compõem um trio de talento."

-"A vítima foi estrangulada a golpes de facão."

-"Um surdo-mudo foi morto por um mal-entendido."

-"Os nossos leitores nos desculparão por este erro indesculpável."

-"Há muitos redactores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens."

-"No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos."

-"Ela contraiu a doença na época em que ainda estava viva."

-"A conferência sobre a prisão de ventre foi seguida de um farto almoço."

-"O acidente provocou uma forte comoção em toda a região, onde o veículo era bem conhecido."

-"O aumento do desemprgo foi de 0% em Novembro."

-"O cabrito-montês ficou morto na estrada durante alguns instantes."

-"As circunstancias da morte do chefe de iluminação permanecem rigorosamente obscuras."

-"O presidente de honra é um jovem septuagenário de 81 anos."

-"À chegada da polícia, o cadáver encontrava-se rigorosamente imóvel."

-"Parece que ela foi morta pelo seu assassino."

-"Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça."

-"Os antigos prisioneiros terão a alegria de se reencontrar para lembrar os anos de sofrimento."

-"A polícia e a justiça são duas mãos do mesmo braço."

-"O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vítimas."

-"O acidente foi no tristemente célebre Rectângulo das Bermudas."

-"Este ano, as festas do 4 de Setembro coincidem exactamente com a data de 4 de Setembro, que é a data exacta, pois o 4 de Setembro é um domingo."

-"Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio trata-se de um incêndio."

-"O velho reformado, antes de apertar o pescoço da sua mulher até à morte, suicidou-se."

-"E agora que as cheias terminaram, o melhor a fazer é recuperar o que não se perdeu."

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pós-modernismo

A estupidez generalizada, a falta de talento e imaginação, a leitura corriqueira de Nietzsche e Schopenhauer, a falta de comparência dos existencialistas/marxistas e dos freudianos envergonhados, tudo isto se junta para que certas pessoas tenham conseguido explorar ao máximo o lado depressivo da liberdade, desenvolver um certo niilismo efeminado e achar nisso uma grande conquista, eis o Pós-modernismo. E no entanto, ele é a cara do capitalismo. É justamente nos tempos em que mais arte se vende (música, filmes) graças a mecanismos de marketing e de produção em massa que o fantasma do pós-modernismo se tenta alojar nos vazios que a elite intelectual dominante deixa por preencher...Tal como o capitalismo cresceu conforme se lhe desse menos atenção, também o pós-modernismo foi a componente medíocre da cultura que se expandiu tanto quanto o desinteresse geral em relação à cultura lhe permitiu...

Sou eu o único a achar que se todos os valores são postos em causa e descobrimos que a nossa percepção da realidade é uma construção isso não implica a alteração radical das nossas acções e paixões nem o questionamento dos nossos hábitos mas sim uma nova abordagem dessas acções e hábitos, uma nova interpretação? Que a realidade não mudou e que nós não ficámos mais lúcidos só porque descobrimos que podemos estar enganados? Em vez de uma desistência perante a hipótese da significação temos agora uma aventura ainda maior pela frente na exploração das ideias. Temos um mundo para enfrentar sem ajuda de Deus ou de um chão moral e é esse perigo que devia tornar a vida ainda mais entusiasmante. É esse desafio que nos chama a ter uma atitude mais viril perante a vida. A solução pós-moderna é aceitar o abismo e deixar-se dissolver no tempo. É a rejeição da aventura, da estratégia, da conquista, da missão, do jogo da vida. É achar que a constatação de que a vida é mentira e ilusão e que os princípios morais são convencionais e circunstanciais constitui uma grande novidade. Pois é, a busca da verdade é um jogo perigoso e violento e é preciso tomates para tomar decisões e rumos, mesmo sabendo que tais decisões resultaram de construções mentais que podem muito bem não ter nada a ver com a realidade.

Omfg...

domingo, 3 de janeiro de 2010

A blogosfera...

...é o local onde está a maior manifestação de estupidez, argumentação baixa, pedantismo que se pode encontrar nos dias de hoje.

É onde se dá o maior número de provas de que a maioria dos seres humanos prefere perder tempo em vícios que nem sabe se gosta do que procurar ocupar o tempo a satisfazer-se sem ser à custa de ter os seus ridículos pensamentos a serem examinados por outras pessoas, de preferência desconhecidas, para poder, caso necessário, exercitar a sua imaginação em ataques pessoais sem perder os seus amigos.

Depois há as excepções: aqueles que julgam que são diferentes ou que fazem a diferença, mas que em todo o caso, têm o seu blog sempre às moscas.

A blogosfera é também o local onde se elabora o maior número de considerações generalistas e inúteis que é possível conceber :P

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Heráclito, o gajo que disse tudo

The name of the bow is life, but its work is death.

SOURCES-- Schol. in Iliad i. 49, fr. Cramer, A. P. iii. p. 122. Context:--For it seems that by the ancients the bow and life were synonymously called bios. So Heraclitus, the obscure, said, "The name of the bow is life, but its work is death."

Então, Freud, grande descoberta fizeste tu com o Para além do princípio do prazer...