domingo, 29 de novembro de 2009

De partir o côco!

Slavoj Zizek, 59, was born in Ljubljana, Slovenia. He is a professor at the European Graduate School, international director of the Birkbeck Institute for Humanities in London and a senior researcher at the University of Ljubljana's institute of sociology. He has written more than 30 books on subjects as diverse as Hitchcock, Lenin and 9/11, and also presented the TV series The Pervert's Guide To Cinema.

When were you happiest?

A few times when I looked forward to a happy moment or remembered it - never when it was happening.

What is your greatest fear?

To awaken after death - that's why I want to be burned immediately.

What is your earliest memory?

My mother naked. Disgusting.

Which living person do you most admire, and why?

Jean-Bertrand Aristide, the twice-deposed president of Haiti. He is a model of what can be done for the people even in a desperate situation.

What is the trait you most deplore in yourself?

Indifference to the plights of others.

What is the trait you most deplore in others?

Their sleazy readiness to offer me help when I don't need or want it.

What was your most embarrassing moment?

Standing naked in front of a woman before making love.

Aside from a property, what's the most expensive thing you've bought?

The new German edition of the collected works of Hegel.

What is your most treasured possession?

See the previous answer.

What makes you depressed?

Seeing stupid people happy.

What do you most dislike about your appearance?

That it makes me appear the way I really am.

What is your most unappealing habit?

The ridiculously excessive tics of my hands while I talk.

What would be your fancy dress costume of choice?

A mask of myself on my face, so people would think I am not myself but someone pretending to be me.

What is your guiltiest pleasure?

Watching embarrassingly pathetic movies such as The Sound Of Music.

What do you owe your parents?

Nothing, I hope. I didn't spend a minute bemoaning their death.

To whom would you most like to say sorry, and why?

To my sons, for not being a good enough father.

What does love feel like?

Like a great misfortune, a monstrous parasite, a permanent state of emergency that ruins all small pleasures.

What or who is the love of your life?

Philosophy. I secretly think reality exists so we can speculate about it.

What is your favourite smell?

Nature in decay, like rotten trees.

Have you ever said 'I love you' and not meant it?

All the time. When I really love someone, I can only show it by making aggressive and bad-taste remarks.

Which living person do you most despise, and why?

Medical doctors who assist torturers.

What is the worst job you've done?

Teaching. I hate students, they are (as all people) mostly stupid and boring.

What has been your biggest disappointment?

What Alain Badiou calls the 'obscure disaster' of the 20th century: the catastrophic failure of communism.

If you could edit your past, what would you change?

My birth. I agree with Sophocles: the greatest luck is not to have been born - but, as the joke goes on, very few people succeed in it.

If you could go back in time, where would you go?

To Germany in the early 19th century, to follow a university course by Hegel.

How do you relax?

Listening again and again to Wagner.

How often do you have sex?

It depends what one means by sex. If it's the usual masturbation with a living partner, I try not to have it at all.

What is the closest you've come to death?

When I had a mild heart attack. I started to hate my body: it refused to do its duty to serve me blindly.

What single thing would improve the quality of your life?

To avoid senility.

What do you consider your greatest achievement?

The chapters where I develop what I think is a good interpretation of Hegel.

What is the most important lesson life has taught you?

That life is a stupid, meaningless thing that has nothing to teach you.

Tell us a secret.

Communism will win.

FROM THE GUARDIAN

Sunday, August 31, 2008

LOL!!

sábado, 28 de novembro de 2009

Em busca da sinceridade

"Falando em termos morais: o amor ao próximo, a vida dedicada a outros e a outra coisa podem ser a medida preventiva para manutenção da mais dura ipseidade. É este o caso excepcional, em que eu, contra a minha regra e convicção, tomo o partido dos impulsos «altruístas»: estes trabalham aqui ao serviço do egoísmo, da autodisciplina."

"...aqui e além, eles [os seus livros] alcançam o que de mais alto se pode alcançar na Terra, o cinismo."

Ecce Homo, Nietzsche

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Foda-se!!!

Génio não só na Física

I cannot understand why we idle discussing religion. If we are honest—and scientists have to be—we must admit that religion is a jumble of false assertions, with no basis in reality. The very idea of God is a product of the human imagination. It is quite understandable why primitive people, who were so much more exposed to the overpowering forces of nature than we are today, should have personified these forces in fear and trembling. But nowadays, when we understand so many natural processes, we have no need for such solutions. I can't for the life of me see how the postulate of an Almighty God helps us in any way. What I do see is that this assumption leads to such unproductive questions as why God allows so much misery and injustice, the exploitation of the poor by the rich and all the other horrors He might have prevented. If religion is still being taught, it is by no means because its ideas still convince us, but simply because some of us want to keep the lower classes quiet. Quiet people are much easier to govern than clamorous and dissatisfied ones. They are also much easier to exploit. Religion is a kind of opium that allows a nation to lull itself into wishful dreams and so forget the injustices that are being perpetrated against the people. Hence the close alliance between those two great political forces, the State and the Church. Both need the illusion that a kindly God rewards—in heaven if not on earth—all those who have not risen up against injustice, who have done their duty quietly and uncomplainingly. That is precisely why the honest assertion that God is a mere product of the human imagination is branded as the worst of all mortal sins.

Paul Dirac

Was jesus a philosophical cynic?

http://www-oxford.op.org/allen/html/acts.htm

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Heresias de Espinoza que faz hoje anos

"É aos escravos, e não aos homens livres, que se dá um prémio para os recompensar por se terem comportado bem"

"O desejo é a própria essência do homem, ou seja, o esforço pelo qual o homem se esforça por perseverar no seu ser"

"Se os homens tivessem no silêncio a mesma capacidade que têm no falar o mundo seria muito mais feliz"

"Uma emoção deixa de ser paixão assim que formamos uma clara e distinta ideia acerca dela"

"Não é uma ação que vence uma paixão. É uma paixão mais forte que vence outra mais fraca."

"O Homem não é um ser pensante, mas um ser que aceita situações."

"As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas temos um conhecimento parcial, e somos completamente ignorantes quanto à ordem e à coerência da natureza como um todo."

"O arrependimento é um segundo pecado."

"A felicidade é a compreensão lógica do mundo e da vida."

"Acredito que se um triângulo pudesse falar, ele diria que Deus é eminentemente triangular, ao passo que que um círculo diria que a natureza divina é eminentemente circular..."

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Moral: uma miragem no deserto da virtude

No outro dia ia a passar na rua à noite, com pressa de chegar a casa, cansado. E deparei-me com uma figura estranha sentada no chão, no passeio. Era um velho vagabundo com um caixote de roupa meio rachado. Parecia triste e um pouco assustado. Por momentos pensei em ajudá-lo a levantar e dirigi-me a ele para ver de perto mas ao mesmo tempo que reparava numas senhoras que conversavam à porta de uma loja, acabei por deduzir que não se passava nada demais e que se as senhoras permaneciam impávidas era porque nada demais tinha acontecido ao velho. Continuei a andar. Só passados uns minutos, já longe, voltei a pensar: "porque estava ele assim sentado que mais parecia que não se conseguia levantar?", "e por que estava a caixa rachada? Teria ele caído com ela na mão?" e de facto, no que restava na minha memória a imagem incomodava-me. Se quis ajudá-lo foi porque fiquei incomodado. Mas em vez de embaraçado e envergonhado com a situação que se presenteava devia antes ter tido alegremente a iniciativa de ajudar o velho para minha própria satisfação mesmo podendo estar enganado em relação ao que se passava. Porque o devia ter ajudado? Porque era o correcto? Não! Porque era o que eu QUERIA ter feito.

Não consegui evitar este debate na minha consciência: "Sê honesto meu caro, se tens orgulho em ti mesmo, o facto de não teres levado a tua acção até ao fim nada tem a ver com seres bom ou mau, com estares certo ao errado, tem a ver com falta de coragem. O que tu tiveste foi falta de coragem e nada mais. O que traíste foram os teus próprios sentimentos e nada é mais caro do que o sentimento no que toca a ética."

coragem: acto do coração
ética: conduta pessoal, carácter

Se eu não sentisse nada pelo velho não acho que o devesse ajudar e se ele se fizesse de vítima e dificultasse o processo para ter mais atenção, influenciando o que eu sentia por ele, não sei se não deveria interromper o processo. Se a ética não é um sentimento, então a ética não é nada. Não estou minimamente preocupado com a realidade do velho (e se estou não devia estar). Não acho que nenhum ser vivo mereça que eu perca o meu sono. Aquilo com que estou preocupado é comigo mesmo e com a minha alegria de viver. A verdadeira empatia para com os outros seres vivos nasce do contacto, da experiência e não da teorização racionalista que leva à dedução dos direitos dos outros. Estamos sempre a combater a nossa própria consciência e não a lutar pelos direitos alheios. Se um dia eu quiser ajudar alguém devo em primeiro lugar dirigir-me a onde esse alguém está ou pelo menos contactá-lo directamente e de seguida devo pedir-lhe permissão. Pois é a minha vontade que quero seguir e não a dele. É a minha satisfação que procuro. É a minha paixão de viver que quero alimentar e nada mais preciso do que combater o que julgo serem insultos e ameaças a essa paixão. Irei desprezar muita gente, irei escolher os meus alvos e não ser escolhido pelas minhas próprias construções. Mas se não É por amor, porque há de SER então? Entenda-se por amor as ligações, atracções, empatias, afectos, tudo isso que por motivos práticos metemos, por vezes estupidamente, no mesmo caixote.

Mas basta pregar essa palavra, o Amor, para que este comece a esconder-se, a desaparecer, a deixar de acontecer como princípio. Depois misturá-lo com bondade, felicidade e finalmente ele é um instrumento e não um facto.

Não me oponho às posições de nietzsche na crítica que faz dos valores metafísicos. Nem me oponho à sua crítica à compaixão. O que eu depreendo dessa crítica não é a proposta de remoção da compaixão pois tal ideia é absurda. Entendo antes como a rejeição da elevação desse sentimento para o papel de valor moral e motivacional.

Quem rouba, mata ou viola não o faz por bem ou mal. Faz por necessidade, loucura ou fraqueza. Tais coisas não se mudam com moralidade. Pelo contrário, podem até ser espicaçadas...


Mas donde me vem esta culpa, esta necessidade de compaixão?
Claro, é a moral cristã.


Vejo muita gente defender constantemente o direito a escolher a sua própria vida. Mas muita dessa gente defende esses ideias como quem se sente obrigado a fazê-lo. Há uma moral implícita que esconde a análise de nós próprios. Estamos-nos a esquecer do resto, que ser livre não tem tanto a ver com escolher a sua carreira ou trabalho. Ser livre consiste em amar o que se quiser e pensar disso o que se quiser. Tudo o resto é quase redundante. Na acção prática pouco há e pouco haverá alguma vez de qualquer coisa sequer parecida com liberdade. Entretanto, cá dentro, no coração, sabe-se lá...Se sou cientista, se sou sapateiro, se sou médico, se sou artista...o que interessa são as condições em que isso se desenvolve. Não é o ideal de vida que interessa. Ele é ao fim e ao cabo, uma distracção do que estamos a sentir. Bom, mas isto é outra conversa. Foquemo-nos mais no outro lado da idealização e da moral, o lado cristão da moral que caracteriza a perigosa ocidentalização do mundo.

Se se descobrir que ao invés dos sentimentos é a moral metafísica a única forma da humanidade se salvar, isso para mim significa que não há nada para se salvar.

Se para salvar os escravos o solução é tornarmo-nos escravos também que raio de salvação é essa? Transformamos a salvação do mundo na nossa danação. O fantasma do pai tirano persegue-nos e fugimos dele em nome de causas elevadas.

Mas este cristianismo implícito dissemina-se ainda hoje por todo o mundo através da globalização com sabor a ocidente. Há moral cristã espalhada pelo cristianismo e pelo Islamismo (uma espécie de cristianismo fiel ao seu próprio messias, ao contrário do cristianismo ele mesmo). A chama que os judeus atearam ainda mal atingiu a sua labareda máxima (admirem-se da Terra Prometida ser mesmo deles). Jesus parece, por vezes, ter sido uma espécie de interferência nessa chama. Mas acabou por ser usado para a atiçar ainda mais. Os cristãos acabam por ser eles próprios, os primeiros protestantes. Eles acabam por, na sua aparente libertação dos sacerdotes judaicos, levar ainda mais longe a sua loucura. O que eles queriam agora era espalhar a palavra que na verdade era dos judeus. A palavra da sublimação dos valores e do não-valor da carne. Queriam espalhar o seu Deus Antinatural pelo mundo, apresentá-lo como verdade de todos, para todos, verdade universal. Agora a conduta tinha de ser tornada espontânea, parte integrante do ser. Se Jesus disse "amem-se todos" pondo em causa o suposto "povo escolhido", agora os cristãos pegavam nisso para dizer que o Deus não era só dos Judeus, era de todos, nem que fosse à força. "Todos iguais perante Deus" - todos em guerra uns com os outros portanto. A decadência em que a Europa (o império romano) se encontrava acabou por contribuir para que estas estranhas seitas se instalassem. Tudo quanto é decadente engole com facilidade a moral cristã. Eis que ao longo da História, a culpa, a redenção, a "pureza", a santidade, a castidade, o corpo místico, a união sagrada do casamento, tudo isto serviu para justificar - "proteger" até - toda a hipocrisia, desconfiança, desprazer, possessão, frustração, vergonha, arrependimento, fingimento, traição, frigidez que houvesse para ser desenvolvida nos povos.

Admiro Jesus de Nazaré por que admiro uma pessoa com coragem mas o que dele veio é doentio. Ele abriu a caixa de pandora que os judeus guardavam e com a qual sabiam lidar ("Não invocar o nome de Deus em vão", é de génio, não é?). Mas ele próprio judeu, não se libertou até ao fim - é muito difícil negar um Deus imaterializado pois não se sabe o que pôr no lugar dele - negou só a instituição e substitui-a pelo Amor. E com isto o pesadelo do nominalismo começou.

Esta disseminação de palavras que eram sentidas no passado mas que agora se tornaram ocas é confrangedora. Este cultivar do Amor redundante do qual, por vezes, também não consigo escapar, este gastar das palavras como forma de encenar os sentimentos, esta Margarida Rebelo Pintice que se cultiva nas massas. Tudo isto resulta em nos privar do pouco que sabemos sobre o que sentimos e vai dar na maior oligofrenia colectiva que se pode conceber. A morte dos sentimentos reais continua o seu caminho.

Venha também então a luta dos gays que também querem "ser felizes para sempre" porque o amor é tão mais do que o sexo. O amor é para sempre... Querem ser reconhecidos como fazendo parte da estupidez geral adquirida que ainda por cima já não anda tão institucionalizada, pois os casamentos diminuem a cada dia que passa e certos governos caminham para lhes dar cada vez menos destaque na lei. Apesar disso, eles querem o direito a essa palavra meio morta. Precisam de montar o seu cabaret reaccionário onde encenam a sua inclusão na vida dos valores conservadores. Só que desta vez já não é a gozar. Desta vez estão a sério. A piroseira chegou aos excluídos do sistema moral, às excepções. E em vez de estes serem a prova de uma existência fora dessas construções morais englobantes, em vez de assumirem uma vida feita de sentimentos fora das convenções sociais, cedem perante a superficialidade institucional. Até a igreja é metida ao barulho. Até a Deus vão bater à porta para lhe pregar a palavra e para ele lhes dizer: está bem. Até Deus fica confuso.

Primeiro tinham sido os protestantes a quererem fazer a "ligação directa" com Deus (E que belo país nos saiu os EUA). O destino já se adivinhava. Muitos põem o paraíso em causa. Já não é preciso. A mensagem essencial já estava de tal maneira incutida que já não é preciso sequer o paraíso. Já nem recompensa é necessária pois a ideia já vale por si. Eis que numa volta pitoresca, o cristianismo é rejeitado porque "não é moral o suficiente". Vai-se a compensação afectiva, os templos, as rezas, as cerimónias. Fica apenas e só, a prática. Porque sim, porque tem de ser. Nega-se o folclore, engole-se a essência. Nem o estado de alma fica. Só o cumprimento.

"A hora da morte não é uma noção cristã"*, dizia Nietzsche. A ligação abjecta à vida, à vida-que-não-pode-acabar é uma visão "abstracta" da vida. É o cristianismo no seu melhor. Cristo tinha de morrer por alguma razão. A sua morte tinha de ter sentido (São Paulo sai-se com a redenção do pecado original). Ele, Jesus, lá foi crucificado mas até hoje ninguém tem real coragem para o enterrar.

E a cultura dos mártires nasce com o Cristianismo. A associação de verdade e causa justa associa-se ao crucificado como herança cristã. Os próprios condenados pelas várias opressões católicas são tratados como jesus pelos sacerdotes judeus. Galileu não se torna mártir. Nada disso tinha a ver com ele ser religioso ou não religioso. Ele era católico devoto. Simplesmente ele é um cientista, é imune a estas questões de princípio. E por tal é chamado por muitos de cobarde, "ele não se comportou como o messias" é o que realmente passa na cabeça dessa gente.

Estamos condenados a viver consoante a satisfação das exigências da nossa "consciência cristã", seja ela secular ou assumida.
Ninguém quer aturar padres pois já está tudo evangelizado. Já estamos prontos para esquecer Deus. Ele já não é preciso. O chão já está cimentado. Ainda há os que julgam que a religião irá desaparecer. Preparem-se, ela está antes a assentar no nosso chão pois até agora era só poeira nos olhos. Ela agora trabalhará espontaneamente sem termos que falar dela. Os religiosos convictos, os padres, esses são os que menos contribuirão para ela pois, sem saber, impedem que ela actue silenciosa e implacavelmente.
Uma religião rigorosa não precisa de Igreja. Cristo nega-a com todas as letras, "O templo de Deus está em vós". Já não é preciso lavar cérebros, eles "aparecem" lavados. Vai-se então rejeitando a religião porque já se aceitou o seu objectivo.

É claro que Bakunin começa por ser cristão. É já quando absorve a ordem-de-destruição implícita no cristianismo que realiza que também deve destruir a igreja e o próprio conceito de Deus. Ele é mais cristão que os próprios cristãos. O fantasma de Kant vence finalmente: "Tu deves, com ou sem Deus".
É no fundo fazer o que Deus manda mas pondo aparentemente em causa a sua autoridade, passando-lhe ao lado. Deus diz : "Faz" e ele responde: "Está bem, mas é só porque eu quero, não é porque tu mandes!"

Assim que ponho em causa tudo isto, não tarda muito até que se apresse uma voz na minha cabeça: "Calma! Espera aí. Mas o que fica quando tiras esse chão? Para onde vais se abandonares este esquema?" e, quase instintivamente, vou à procura de palavras diferentes para atribuír aos mesmos valores decadentes...que me conquistaram pela segurança aparente que já me dão. Procuro a aparente liberdade para me fazer escravo.

Enfim...

Mas talvez eu deva levar a analogia que faço no título um pouco mais além, tentando não ser mais crédulo que os crédulos: se a moral é uma miragem, existe algo na cabeça de quem a imagina que terá a sua razão de ser. E se existe um deserto, existe algo na mente de quem o vê como um deserto e como uma ausência de qualquer coisa. Se desespero por achar que algo não existe, mais não estou do que a esquecer-me que pelo menos o sonho, tal como a miragem, EXISTE, embora porventura, apenas como tais.
Muito provavelmente peco por ser ingénuo se separar os instintos da moral. Se o super ego combate o id, não o fará senão com as mesmas armas com que o id se tenta libertar.

Não obstante, a História tem sido um processo de substituição da coragem pela motivação, do sentimento pela justificação, da vontade pela obrigação.

Porque me preocupo? Posta esta pergunta, julgo que vou a caminho da essência ao procurar uma justificação. O que farei mais não será que encontrar uma racionalização para poder suportar o meu agir não precisando assim de manter o sentimento que deu origem à constatação dessa vontade. O sentimento desaparece, a obrigação começa. A moral substitui a coragem.

Quando se explica ou justifica a virtude mais não se faz do que matá-la.

Ao se pregar a moral, implícita ou explícitamente está-se a matar o que quer que houvesse parecido com ela, a sua realidade, a sua base.

Cada um tem medo da solidão. A moral trata de fornecer o antídoto mais rápido: O sentimento fingido, a vontade encenada. E agora, em vez de uma soma de solidões, somos antes e apenas uma solidão só, colectiva, conjunta, sentida por todos, ignorada por todos.

É preciso que o nosso fundo já tenha sido bem calado para nem sequer aceitarmos a existência de violência e injustiça no mundo. Como se nada fizesse sentido fora dos slogans, das opiniões vazias que passam de mão em mão.
É preciso não sentir nada, não se sentir a si próprio de todo para comunicar através de palavras de ordem, para andar a gritar o óbvio: "acabem com a fome", "paz no mundo". É preciso já não estar vivo para se precisar de ouvir ou de dizer: "eu amo", "eu preocupo-me" como regra, tal não é a "insipidez" no coração.

E assim se as construções morais não foram criadas por hipócritas, pelo menos têm como principal resultado proteger os que são, dar-lhes um lugar na sociedade.

A vontade é hoje um mendigo. A moral é a esmola.

domingo, 22 de novembro de 2009

Pérolas!

"Se não queres por trás vai demorar mais tempo" eis a frase de hoje.

E eis a pérola encontrada no google com essa frase.

Não sei se o problema referido está desactualizado mas basta saber que era real em 2008.

sábado, 21 de novembro de 2009

A condição do consciente: vector Descartes-Nietzsche

Sinto-me tentado a ver o ego, o eu, a consciência como a nossa ideia, o conceito segundo o qual temos olhos no interior do cérebro. Qual tenaz de papel que tenta agarrar tudo quanto perpassa ao seu alcance mas por onde tudo se lhe escapa. Vê ordem de eventos, portanto vê tempo e portanto também o tenta agarrar, tenta amordaçá-lo. Como o charlot nos tempos modernos que corre atrás da pista de montagem em andamento, tentando agarrar o ritmo com que os parafusos lhe passam à frente. É isso a tomada de consciência, uma constante labuta, "um sintoma da imperfeição do organismo humano"* que se tenta apanhar a si próprio, tentando parar o tempo. É essa derrota que faz o eu virtual, potencial, que faz o eu imaginar-se. Que descobre existir um instante atrás mas entretanto só o desespero cristaliza no tempo.

*Anticristo, Nietzsche


O consciente é tratado como a zona do "decision making" mas a mim parece-me mais a zona da indecisão, a zona onde nada está definido e onde a hesitação é observada, constatada. O consciente seria assim a "zona livre", o único espaço onde, através da constante incerteza do que virá a ser determinado pelos factores inconscientes, se obteria esse compasso de espera em que o consciente sonha tomar as rédeas e passa-se o único momento de liberdade possível. Sentir a aspiração à decisão, ao poder. A vontade íntima do poder, da potência nietzschiana é disparada sob a forma de instinto e a consciência é onde se observa todo o contencioso de construções mentais adquiridas que irão estabelecer a "forma de saída" desse instinto. A consciência é a observação da tomada de decisão mas nem por isso a decisão é tomada conscientemente. Esta não-implicação é a subtileza que falta à noção do suposto "eu" que imaginamos. Eu sou o que observo ser.

Mas o "erro de Descartes" é o erro da consciência. E dele não podemos fugir.


Esta franja da nossa existência, que é o potencial "eu consciente" é o sintoma de que não temos solução. É o sinal de que transbordamos e somos demais para nós próprios. Bem podemos acreditar que podemos encontrar a espontaneidade, a pureza, o já-está mas tal não é mais a ilusão provocada por este excesso de poeira. Pelo transbordo de ser que é imperfeito porque tem ser a mais. Desistam da liberdade, desistam de aceitar o inevitável não-ser. Essa vida sem explicação, sem sentido, essa reserva-se aos seres perfeitos, não a nós. Essa criação sem mensagem, sem necessidade, sem desespero, sem grito de ajuda fazem-no as amibas e as paramécias ou se calhar nem mesmo elas. Essa arte que se diz independente, livre, desapegada, que não visa o social, o outro, a ligação, o chamar, etc, não é arte humana pois não é imperfeita. Nem é boa nem má , está acabada. Não entra na luta-para-ser-perdida que se trava em mim, não tem tragédia. Não contém o ridículo de precisar de existir, de ser notada, de fugir da solidão. O que não forja a lágrima é inocente, nem morto está pois nunca esteve vivo.

John Gray and the problem with Utopia

Mais um gajo com que estou em desacordo e com qual não partilho os pressupostos, uma vez que sou ateu, mas que apresenta um raciocínio que me parece mais inteligente do que as visões típicas do significado de no novo testamento haver o anúncio do paraíso. O simples facto de estar implícito na mensagem que esse paraíso não existe na Terra constitui uma visão bastante mais profunda (embora intuitiva) do que pode parecer à primeira vista sobre a realidade da natureza e o papel do homem nela (ou seja, quase nenhum).

O que este rapaz me parece esquecer é que não foi por acaso que o actual papa reafirmou que o inferno é um sítio real e material. Tal ideia força a que os católicos sintam a necessidade de se manter unidos para se precaverem dele. É mais uma tentativa desesperada de manter a coesão. Infelizmente para ele, muitos crentes, como alguns que conheço, afastam-se da igreja católica para poderem preservar a crença que essa mesma igreja católica lhes deu. Acho essa posição inteligente e uma boa estratégia para manter a sua coerência e fidelidade aos seus sentimentos.

Estas tácticas do vaticano acerca de várias ideias como a do inferno são, de facto, perigosas. Tal fuga do inferno e preocupação com condutas distrai-nos da outra mensagem de Cristo: "Olhai os lírios do campo..." distrai-nos da hipótese de conceber um paraíso que não existe nem no Céu nem na Terra mas que poderá ser sentido na Terra e vivido na mente de quem vê o Céu.

Para mim, lendo a Bíblia o que obtenho não é um código de conduta mas sim uma descrição quase exacta do que é a vida humana. Um Deus que parece gritar, outras vez sussurrar, outra vez dar, outras vezes tirar. Um constante Grande Outro Lacaniano que nos acompanha por mais que fujamos dele e que por vezes usamos para justificar a nossa violência ou criticar a dos outros. E pelo meio vão aparecendo aqueles que querem substituir aquilo a que eu chamo a "memória freudiana do pai tirano" por um projecto de irmandade daquilo a que chamo "filhos unidos que mataram o pai". A analogia de Freud é para mim, perfeita. A construção da sociedade será sempre um abafar da tirania da vontade de viver e de morrer, simultaneamante. O que vejo na Bíblia é uma soma de alucinações sangrentas e poéticas que no seu caminho para a suposta luz vão deixando mensagens (porventura, involuntárias) sobre a sua própria queda e impossibilidade. Uma espécie de solução infantil para a sensibilidade extrema que leva à intuição da tragédia. A bíblia é uma criança traumatizada que viu a vida como ela é.

Cérebros a trabalhar...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

É urgente!

É urgente inventar um jogo de computador que envolva o Mário Nogueira e o Platini em que o objectivo do jogo seria degolá-los vivos e cortá-los aos bocados ou então eles simplesmente enrabavam-se um ou outro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

...

A vida tem mais piada se cagarmos pa esta merda toda, encostarmo-nos ao sofá e nos deleitarmos com as várias peças de teatro à disposição...

Divirtam-se com esta

A estupidez não é falta de inteligência. É apenas e só, estupidez. É a alma das pessoas que vêm o mundo demiurgamente. Podem ter valores ou não ter, ser gnósticos, agnósticos, ateus ou crentes mas têm em comum o facto de raciocinarem como se o mundo fosse gerido pela mão de alguma entidade unificada ou com um propósito unificado. Esse propósito deve ser identificado como sendo bom ou mau e se for mau, deve depois ser combatido não se sabe com que armas. Têm diabos e cristos na cabeça e substituem-nos por outras palavras e por conceitos que estejam em voga no tempo em que estão vivos. Vêm o Mal como algo identificável por si só e como valor absoluto. Algo que é possível combater. Em vez de ser "isto está mal de acordo com tal contexto ou propósito" diz antes "Isto É mau" como quem diz "isto é azul" ou "aquele objecto é um quadrado". O Mal existe e deve ser removido. Os demónios existem e devemos fugir deles ou matá-los. Eis o que me parece estar na cabeça de mais gente do que seria perceptível à primeira vista.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fox News...

epah!... é que..fdx!... mas o gajo...epah!...é inacr...mas não é que...e apetece...epah!...n dá...mas é que...ai o crl...mas os gajos...epah...aquilo...epah...chega a um ponto ..fdx!...mas...mas...não é que...não dá...é inacr...mas quase...é que...mas não dá...epah!...fd...q.....g....


FOOOOOOOOOOOOOOOOOODAAAAAAAAAAAAAAA-SE!

domingo, 15 de novembro de 2009

Pérolas!

Decidi inaugurar uma nova actividade que trará com certeza grande proveito ao intelecto: escolher uma frase pejada de significado e meter à procura no google para ver o que é que se consegue encontrar na primeira página de resultados.

Ora estava eu a pensar quando é que tinha sido o dia de São Martinho e imediatamente disse para mim mesmo: "São Martinho é o caralho que ta foda" e pronto, já está. Pus à procura no google e lá estava na primeira página, a primeira pérola desta enorme aventura nas profundezas da net.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A problemática da fé

Não sou apologista de se medir a felicidade ou determiná-la com base na posse de bens materiais sejam eles necessários ou supérfluos. Mas na verdade também não sou apologista de se medir a felicidade seja de que forma for. Simplesmente porque não vale a pena medir o que não existe sem ser como conceito. Se meço a gravidade é porque se determinou que se tinha de estabelecer uma força explicativa de fenómenos observáveis. Encontrada a relação entre fenómenos, estabelece-se que a gravidade existe. Ou seja, se sei que X existe ( atracção à Terra ) como objecto ou fenómeno então devo aceitar que existe também um fenómeno ou objecto na base da sua sustentação (força gravítica ) que me pode permitir medir ou estimar X. O problema começa quando eu inverto o processo e realizo o seguinte raciocínio:

Se existe X, então X deverá estar na sustentação de algo.

Um exemplo deste raciocínio é pensar: estou vivo, portanto devo viver - errado. O máximo que posso dizer é estou vivo, portanto algo aconteceu para que tal fosse possível. Depois se quero continuar a viver, essa vontade é um fenómeno em si que tem explicação no que o precede e não no que o procede. Eu não quero viver porque quero fazer algo com a minha vida, eu quero viver porque contenho algum tipo de informação biológica em mim que me faz ter medo de morrer. E se tenho medo de morrer isso não é mais do que um hábito adquirido por uma acumulação de informação genética que me faz reagir repelentemente para com situações que ameaçem a minha integridade física. Onde quero chegar é que os factos só são explicáveis pelos fenómenos que os precedem e não pelo seu aparente "sentido". É na crença do sentido da vida que reside esta doença de interpretar o sofrimento como um "aviso" e não apenas como uma manisfestação de um fenómeno resultante do confronto entre outros fenómenos. É óbvio que posso interpretar uma dor como um "aviso" mas por vezes não me parece muito claro para a maioria das pessoas que ela não tem essa "função". Ela não tem nenhuma função assim como nenhum facto tem nenhuma função, sentido ou significado. A única coisa que um facto pode ter é uma explicação dada por factos anteriores.

Como tal a felicidade é um daqueles conceitos que surge não como explicação de factos mas como objectivização e funcionalização dos mesmos. Tal e qual como o conceito de Deus judaico-cristão serve para projectar no futuro a explicação dos eventos presentes quando na verdade, é óbvio que essa explicação se encontra no passado. Consiste na transposição da experiência pessoal que um humano pode ter ao determinar um plano futuro - de aparente controlo da sua própria vida - para um plano geral de aparente controlo da realidade (da sociedade, para começar). A convicção de que um fenómeno vai acontecer tem um nome muito simples: fé. E a partir do momento em que se percebe que é dela que derivam os actos humanos fica simples perceber que não nos podemos livrar dela. Certos animais agem apenas por impulso. Outros agem por mistura de impulsos e certezas adquiridas ( a que chamo de fé) , como é o caso do ser humano. A única coisa que difere a crença de que Deus existe e a crença de que amanhã o Sol nascerá outra vez é o grau de fé.

Irei diferenciar 5 graus de fé:

Se me apoio na minha vontade para prever um evento preciso da máxima fé (5), se me apoio na minha intuição preciso de bastante fé (4), se me apoio em indução empírica e na minha experiência pessoal, preciso de alguma fé (3), se me apoio em dedução vinda de comprovação teórica (investigação científica) preciso de pouca fé (2), se me apoio em factos nunca disputados (irei morrer um dia, por ex) preciso de tão pouca fé que a considero desprezável(1). O que é comum a todos estes processos é que eu rigorosamente NÃO SEI o que se irá passar no futuro porque eu não posso lógicamente saber aquilo que não existe. Posso inferir. Mas é daqui que surge um risco. A observação sistemática de factos pode levar a confirmação sistemática de previsões e essa confirmação leva também a um crescimento de algum tipo de fé, um sentimento igual ao de qualquer fé, mas de papel diferente. Sinto agora a necessidade de distinguir duas categorias de fé para o efeito. Fé activa e fé passiva. Fé activa é aquela que dividi em 5 graus umas linhas atrás, é aquela que uso para levar a uma previsão ou decisão. Fé passiva é aquela eu ganho com a observação sistemática de factos. Agora definidas estas duas categorias parece-me que a fé activa na previsão de um evento com base em dados científicos é baixa mas a fé passiva que ganho na provável confirmação do evento é bastante alta pois quanto maior for a relação entre uma previsão e um acontecimento maior é a fé que ganho nos dados ou no processo que usei para essa previsão.

Onde é que surge o problema?

É que o conceito de fé que aqui abordo vem sob a forma de um sentimento. E embora eu possa distiguir teóricamente a fé passiva da fé activa isso retrata apenas o contexto em que a fé se manifesta mas que o sentimento dessa fé só por si não determina (como é óbvio, pois esse contexto é exterior ao sentimento). É por esta razão que eu identifico um processo: todas as transições de paradigmas são transições de fé. Mas a fé está cada vez mais forte à medida que o tempo passa porque a acumulamos inconscientemente. Acumulamos o sentimento (passivamente) mas já não precisamos de a utilizar tanto (activamente) e assim ela fica sem objecto, sem papel e nós tendemos a ter cada vez mais fé mas sem saber em quê. Assim cada vez mais cresce esta paixão sem objecto. Estes inúmeros sentimentos deslocados onde a fé é apenas mais um deles ou a soma de vários. Obtemos, através da ciência, formas de recorrer cada vez menos aos sentimentos para "saber" coisas e por isso deixamos estes sentimentos sem aplicação...cada vez mais precisamos de expressar estes sentimentos que se acumulam e cada vez menos precisamos deles para sobreviver (aparentemente).

Por um lado a fé serve para avançarmos, por outro lado serve para nos atrapalhar e nos dar mais vontade de avançar compulsiva e obsessivamente.

Por um lado é graças a ela que chegámos onde chegámos. Por outro lado é graças a ela que chegámos onde chegámos!!!!!

Conclusão: estamos fudidos.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Na Mouche!!

Radio interview quote from Marine Corps General Reinwald and a female radio host. He wants to host some boy scouts at the training center for some practise excercises. As follows:

: So, General Reinwald, what things are you going to teach these young boys when they visit your base?
: We're going to teach them climbing, canoeing, archery, and shooting.
: Shooting! That's a bit irresponsible, isn't it?
: I don't see why, they'll be properly supervised on the rifle range.
: Don't you admit that this is a terribly dangerous activity to be teaching children?
: I don't see how. We will be teaching them proper rifle discipline before they even touch a firearm.
: But you're equipping them to become violent killers.
: Well, you're equipped to be a prostitute, but you're not one, are you?
The radio went silent and the interview ended. You gotta love the Marines!



Retirado de  Aurea Mediocritas:

Id Pó Caralho!


  • Porque aquilo a que muitos chamam de Mal, e que é imposto pela sociedade como o sendo, não é mais do que a nossa verdadeira vontade reprimida.
  • Porque a nossa vontade é o Id de Freud. Se Schopenhauer tivesse conhecido Freud teria escrito, em vez de " O mundo como vontade e representação", " O mundo como manisfestação do Id".
  • Porque o Id é esse desejo inexplicável e indefinível para o qual procuramos objectos e alvos. É algo que está em nós e é simultaneamente perigoso e inelutável. Pode ser manisfestado em desejo sexual ou em vontade de violência. Pode ser apenas entendido como medo de morrer que deriva em loucura. Mas podemos chamar-lhe vontade de viver que deriva em paixão.
  • Porque não é bom nem mau. É apenas o nosso pulsar. E esse pulsar é o inimigo de quem acredita que o bem existe e deve ser pregado. Esse pulsar é aquela parte de nós de quem muita gente prefere não falar e a Igreja chama de diabo. Esse pulsar é eterno. A moral, essa vai e vem mas o Id é para sempre.
  • Porque o verdadeiro inimigo do Id cresce sem darmos por isso. O cérebro ou mais precisamente, o córtex cerebral cresceu e dele uma nova força se foi revelando: O Super Ego. Será possível eliminá-lo? Acho que não.
  • Porque ele tem como objectivo reprimir o Id e para isso tenta absorver que nem uma esponja todos os ensinamentos, concelhos, limitações impostas por pais, professores, leis e heranças religiosas. Ele é a cultura. Ele não morre e absorve informação a uma velocidade espantosa.
  • Porque graças a ele desenvolveu-se a racionalidade que veio complicar a satisfação do nosso Id.
  • Porque o problema é que se não satisfazemos o Id ele ficará ainda mais perigoso do que parecia poder ser, pois a racionalidade veio-nos pôr armas poderosas à disposição do Id.
  • Porque o Id vence sempre e o Super Ego trabalha para ele sem saber, reprimindo-o e tornando-o maior, e mais violento, e mais detorpado, e mais necessário...
  • Porque.... Pó caralho com o Super Ego! Está na altura de encostar o Super Ego às boxes e ouvir o Id directamente, sem merdas.
  • Porque é preciso mandar a igreja e a moral pró caralho! Fiquem com Deus, fiquem com Jesus e com o que raio aliviar a angústia de estar vivo! Mas livremo-nos da repressão do Id, paremos com as merdas e paremos de afundá-lo em dúvidas existenciais. Será que existo? Será que sou bom? Será que devo querer isto? Será que devo sentir aquilo? Será que me devo sentir culpado? Com quem é que eu devo querer foder? E quem não devo?
  • Porque as regras são para ser compreendidas e talvez cumpridas mas nunca, respeitadas... Posso talvez obedecer à Lei mas nunca, converter-me a ela.


O lema deste blog é uma frase que vi atribuída a Freud:

"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons."


Caguei em quem é que tem razão! Caguei se aprovam os meus desejos...caguei no que querem que eu seja e na imagem que me fizeram querer dar. Mas acima de tudo, caguei no que tive de inventar para satisfazer o Super Ego.