terça-feira, 30 de março de 2010

Heinrich Heine (1797-1856)

-Atheism is the last word of theism.
-Christ rode on an ass, but now asses ride on Christ.
-Communism possesses a language which every people can understand - its elements are hunger, envy, and death.
-Every man, either to his terror or consolation, has some sense of religion.
-God will forgive me. It's his job.
-I do not know if she was virtuous, but she was ugly, and with a woman that is half the battle.
-I fell asleep reading a dull book and dreamed I kept on reading, so I awoke from sheer boredom.
-I have never seen an ass who talked like a human being, but I have met many human beings who talked like asses.
-I will not say that women have no character; rather, they have a new one every day.
-If the Romans had been obliged to learn Latin, they would never have found time to conquer the world.
-It is a common phenomenon that just the prettiest girls find it so difficult to get a man.
-It is extremely difficult for a Jew to be converted, for how can he bring himself to believe in the divinity of - another Jew?
-Matrimony; the high sea for which no compass has yet been invented.
-Music played at weddings always reminds me of the music played for soldiers before they go into battle.
-Oh, what lies there are in kisses.
-The Bible is the great family chronicle of the Jews.
-There are more fools in the world than there are people.
-Whatever tears one may shed, in the end one always blows one's nose.
-When the heroes go off the stage, the clowns come on.
-Whether a revolution succeeds or fails people of great hearts will always be sacrificed to it.
-You cannot feed the hungry on statistics.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Duas coisas a declarar

Deixei oficialmente de me classificar como sendo mais à esquerda ou à direita.

Inventei um novo tipo de discurso destinado a uma realidade que atravessa os tempos desde a invenção do fogo: a conversa de café. A esse tipo de discurso chamo de reducionista. Sou positivamente reducionista. Toda a conclusão geral e abstracta feita num café é completamente inútil se não for para ser utilizada como mero exercício mental ou até poético. Estou-me cagando para que se ela me aproxima da "visão" da realidade porque honestamente não sei o que isso é. Mas o objectivo de se tirar conclusões reducionistas não é fechar uma página e carimbá-la de verdade mas justamente o contrário. É apresentar uma ideia que depende das coordenadas de tempo, espaço e oportunidade para revelar o seu interesse. Aumentar o detalhe só interessaria se tal tivesse sido determinado por um qualquer grau de precisão e erro, coisa que se faz num laboratório de investigação e não num café.
Isto é um vai pó caralho para mim mesmo e para quem gosta de censurar a falta de precisão com que um fala-barato manda postas de pescada fora do âmbito do seu estudo. Basta ver que existem certos cosmólogos que querem mesmo descobrir "como isto tudo começou" para saber que o zé povinho tem hoje em dia coisas tão ou mais interessantes para dizer que um cientista (o que não quer dizer que as diga).

quarta-feira, 24 de março de 2010

Diderot no seu melhor

"Um povo que acredita que é a crença num Deus e não as boas leis que fazem criaturas honestas, não me parece adiantado. Trato da existência de Deus, relativamente a um povo, como o casamento. Um é um estado, o outro uma noção excelente para três ou quatro cabeças bem pensantes, mas funesta para a generalidade. O voto do casamento indissolúvel faz e deve fazer quase tantos infelizes quantos esposos. A crença em Deus faz e deve fazer quase tantos fanáticos quanto crentes."

domingo, 21 de março de 2010

E mais não digo

Bene vixit qui bene latuit ["Bem viveu quem bem se escondeu" - Horácio]

terça-feira, 16 de março de 2010

George Ionesco

"Ideologies separate us. Dreams and anguish bring us together."

"It is not the answer that enlightens, but the question."

"The absence of ideology in a work does not mean an absence of ideas; on the contrary it fertilizes them."

"God is dead. Marx is dead. And I don’t feel so well myself."

quinta-feira, 11 de março de 2010

Smooth Operators

Nietzsche:

"Eu li a Bíblia de capa a capa. Chamar aquele livro de ‘a palavra de Deus’ é um insulto a Deus. Chamar aquele livro de um guia moral é uma afronta à decência e dignidade dos povos. Chamá-lo de guia para a vida é fazer uma piada de nossa existência. E pretender que ela seja a verdade absoluta é ridicularizar e subestimar o intelecto humano"

“Má compreensão do sonho. – Nas épocas de cultura tosca e primordial o homem acreditava no sonho conhecer um segundo mundo real; eis a origem de toda metafísica. Sem o sonho, não teríamos achado motivo para uma divisão do mundo. Também a decomposição em corpo e alma se relaciona à antiqüíssima concepção do sonho, e igualmente a suposição de um simulacro corporal da alma, portanto a origem de toda crença nos espírito e também, provavelmente, da crença nos deuses: ‘Os mortos continuam vivendo, porque aparecem em sonho aos vivos’: assim se raciocinava outrora, durante muitos milênios"

"Somente uma coisa é necessária’... Que todo homem, por possuir uma ‘alma imortal’, tenha tanto valor quanto qualquer outro homem; que na totalidade dos seres a ‘salvação’ de todo indivíduo um possa reivindicar uma importância eterna; que beatos insignificantes e desequilibrados possam imaginar que as leis da natureza são constantemente transgredidas em seu favor – não há como expressar desprezo suficiente por tamanha intensificação de toda espécie de egoísmos ad infinitum, até a insolência. E, contudo, o cristianismo deve o seu triunfo precisamente a essa deplorável bajulação de vaidade pessoal – foi assim que seduziu ao seu lado todos os malogrados, os insatisfeitos, os vencidos, todo o refugo e vômito da humanidade. A ‘salvação da alma’ – em outras palavras: ‘o mundo gira ao meu redor’..."


"Se o cristianismo tivesse razão em suas teses acerca de um Deus vingador, da pecaminosidade universal, da predestinação e do perigo de uma danação eterna, seria um indício de imbecilidade e falta de caráter não se tornar padre, apóstolo ou eremita e trabalhar, com temor e tremor, unicamente pela própria salvação; pois seria absurdo perder assim o benefício eterno, em troca da comodidade temporal. Supondo que se creia realmente nessas coisas, o cristão comum é uma figura deplorável, um ser que não sabe contar até três, e que, justamente por sua incapacidade mental, não mereceria ser punido tão duramente quanto promete o cristianismo"

Sebastian Fauré:

"Foste vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as minhas negações. Cessai de afirmar que eu cessarei de negar".
(esta é a minha preferida pois é a melhor maneira de explicar porque sou ateu)

Freud:

"A humanização da natureza deriva da necessidade de pôr fim à perplexidade e ao desamparo do homem frente a suas forças temíveis, de entrar em relação com elas e, finalmente, de influenciá-las. (...) O homem primitivo não tem escolha, não dispõe de outra maneira de pensar. É-lhe natural, algo inato, por assim dizer, projectar exteriormente sua existência para o mundo e encarar todo acontecimento que observa como manifestação de seres que, no fundo, são semelhantes a ele próprio"

"... [a religião é] um sistema de doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável e que, por outro lado, lhe garantem que uma Providência cuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui. O homem comum só pode imaginar essa Providência sob a figura de um pai ilimitadamente engrandecido. Apenas um ser desse tipo pode compreender as necessidades dos filhos dos homens, enternecer-se com suas preces e aplacar-se com os sinais de seu remorso. Tudo é tão patentemente infantil, tão estranho à realidade, que, para qualquer pessoa que manifeste uma atitude amistosa em relação à humanidade, é penoso pensar que a grande maioria dos mortais nunca será capaz de superar essa visão da vida. Mais humilhante ainda é descobrir como é vasto o número de pessoas de hoje que não podem deixar de perceber que essa religião é insustentável e, não obstante isso, tentam defendê-la, item por item, numa série de lamentáveis actos retrógrados"

"Os que não padecem desta neurose (religiosidade) talvez não precisem de intoxicante para amortecê-la. Encontrar-se-ão, é verdade, numa situação difícil. Terão de admitir para si mesmos toda a extensão de seu desamparo e insignificância na maquinaria do universo; não podem mais ser o centro da criação, o objeto de eterno cuidado de uma Providência beneficente. Estarão na mesma posição de uma criança que abandonou a casa paterna, onde se achava tão bem instalada e tão confortável. Mas não há dúvidas que o infantilismo está destinado a ser superado. Os homens não podem permanecer crianças para sempre; têm de, por fim, sair para a vida ‘hostil’"
(uma forma mais suave de perceber a exaltação da "Guerra" do Zaratrustra de Nietzsche)

E agora, Voltaire, um deísta:

"[Christianity] is assuredly the most ridiculous, the most absurd and the most bloody religion which has ever infected this world. Your Majesty will do the human race an eternal service by extirpating this infamous superstition, I do not say among the rabble, who are not worthy of being enlightened and who are apt for every yoke; I say among honest people, among men who think, among those who wish to think. … My one regret in dying is that I cannot aid you in this noble enterprise, the finest and most respectable which the human mind can point out."

* Voltaire, Letters of Voltaire and Frederick the Great (New York: Brentano's, 1927), transl. Richard Aldington, letter 156 from Voltaire to Frederick, 5 January 1767.

domingo, 7 de março de 2010

A única afirmação musical do século XX



E assim, os 100 anos seguintes não foram mais que um monte de merda redundante. Se excluo Debussy e Mahler é por considerar que as "afirmações" deles foram feitas ainda no séc. XIX. Ha, e tou-me a cagar pó Shoenberg.

ps: sim, a figura do maestro é ridícula.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu sei, eu sei. Nem digas mais.

"Postmodernists parade their relativism as a superior kind of humility — the modest acceptance that we cannot claim to have the truth. In fact, the postmodern denial of truth is the worst kind of arrogance. In denying that the natural world exists independently of our beliefs about it, postmodernists are implicitly rejecting any limit on human ambitions. By making human beliefs the final arbiter of reality, they are in effect claiming that nothing exists unless it appears in human consciousness."

John Gray

Talvez tenha faltado ao Marx perceber isto

"Everything will pass, and the world will perish but the Ninth Symphony will remain."

Mikhail Bakunin

quarta-feira, 3 de março de 2010

Epa Aleluia 2.0!!!


"(...)
Tendo estudado a sabedoria em livros traduzidos do grego, do chinês ou do sânscrito, tenho uma certa desvantagem em relação aos ignorantes que só aprenderam em jornais desportivos ou revistas de moda. Quando enfrento um assunto difícil cuja elucidação requer anos de reflexão, sinto-me intimidado com a consciência da minha insuficiência, que me trava os impulsos no momento em que eles, impelidos pelo propulsor da sua ignorãncia, estão seguros de ter encontrado, ainda antes de ter procurado. Como posso fazê-los compreender que tenho razão em não proclamar que a tenho, antes de dedicar tempo a demonstrar-lhes que estão errados? Não, eles não desistem. De resto, as minhas hesitações atraiçoam-me. A verdade é uma flecha que vai direita ao alvo. Os escrúpulos intelectuais são tremuras do espírito. Se visar mal, como posso atingir o alvo?
Apercebemo-nos de que a ignorância não exclui a firmeza de opinião. Existe até uma cumplicidade objectiva entre elas. Quanto menos sabem, mais ostentam, diz o profeta. A indigência intelectual tira partido do seu pretenso parentesco com a Verdade. Contudo, é preciso ser ingénuo para pensar que o saber liberta o espírito dessa lei de gravitação que faz com que todo o pensamento orbite em torno da Verdade. Quanto mais sabem, mais ostentam, diz também o profeta, desta vez nos dias ímpares. Ter razão é a pretensão mais universal e, provavelmente, a mais antiga.
(...)"


Georges Picard, in "Pequeno Tratado para Uso Daqueles que Querem Ter Sempre Razão"

terça-feira, 2 de março de 2010

Hoje...

...cheguei à estação do metro e estava um gajo que não conseguia esticar um dos braços e não conseguia dobrar o outro e enquanto tentava combater esta limitação, cambaleava, acabando por vir embater contra mim e quase me mandando para a linha. Ele não pediu desculpa ou se calhar tentou, não percebi. Fiquei impressionado que ele estivesse sozinho dentro do metro, aparentemente conseguia fazer tudo sozinho sem ajuda ou então alguém o meteu lá dentro e ele ainda não conseguiu sair. Bom, logo a seguir, quando me sentei, estava um gajo em frente a um anúncio de um filme. Não sei se era metrossexual, transsexual, gay ou straight ou uma mistura de todas estas hipóteses ou outra alternativa que me tenha esquecido de enunciar. Que fazia ele? Pelo que consegui perceber degladiava-se com o seu próprio cabelo e com a sua própria imagem mal reflectida no plástico protector dos cartazes rotativos. O metro estava demorado. Contei, no mínimo, 10 minutos que o gajo ficou ali a ajeitar o cabelo de uma forma obsessiva e acelerando os gestos à medida que os minutos passavam. Durante todo o processo, ia-se contorcendo energicamente, conforme o anúncio por detrás do plástico protector mudava e alterava a forma como se iluminava o seu reflexo. Não, não havia uma pessoa que não estivesse a olhar para ele. A partir do oitavo minuto a mistura de trejeitos efeminados e tentativas de alisar o cabelo e acertar a sua risca e as ondulações atingiu uma tal velocidade que parecia que ele ia pegar fogo como um fósforo gigante. Entretanto, de uma das pontas da estação ouvia-se um velho a gritar em alto som: «mas tu não eras do porto?!» e da zona de onde vinha o som apareceu quem? Eu não estou a gozar: o emplastro! E devo dizer que ele está gordo.
Sinceramente não sei o que é que se passava ali mas a verdade é que quando o metro chegou e me sentei lá dentro estava um vagabundo à minha frente, sentado, com a roupa toda carcomida, uma barba que lhe dava pelo umbigo, a cheirar mal como tudo e com uma mochila cor-de-rosa onde parecia não haver espaço para levar absolutamente nada. Que fazia ele? Estava a ler o jornal. E não era o jornal do metro, era o Expresso. Olhei com mais atenção: estava na secção de economia...

WTF!!!!!!

segunda-feira, 1 de março de 2010