Mas se ele nasceu em Moçambique. Se veio de uma cultura oprimida pela nossa. Se vivia pobre enquanto o seu país era explorado pelo nosso. Se o seu povo estava em guerra enquanto ele representava o clube do estado do país opositor. Se ele apoiava a Frelimo e a libertação do seu povo e deixava que Salazar o usasse apenas em prole da projecção de Portugal no estrangeiro. Se vivia aprisionado, sem poder jogar fora de Portugal, pelas mesmas razões de projecção que Salazar pretendia manter. Se deixava a sua família e o seu povo orgulhoso pelo sucesso dele mas ao mesmo tempo via, mais tarde, os seus compatriotas lutarem para se verem livres do país que ele representava...
E no entanto... ninguém lutou mais que ele em 66. Ninguém chorou mais que ele em 66. A ninguém doeu mais do que a ele que Portugal não fosse mais longe. Não interessa porquê. Os portugueses amavam-no e ele não conseguia resistir a isso. Não conseguia deixar de corresponder. Sim, ele queria ver o seu Moçambique independente de Portugal. Mas queria ser português. Ele queria ser o que foi... a dada altura, Portugal era até seu inimigo... e essa prova fez dele ainda mais português.
A batalha dos Deuses – O jogo
Há 2 meses
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